E o Pedro tá voltando pro Brasil...

Hoje fez frio, muito frio. Saí de casa com -15°C, mas pelo menos parou de nevar...

É sempre a mesma coisa... quando a gente vê já se foi o período longo que programamos na nossa viagem, e mais uma vez é hora do Pedro voltar para o Brasil... serão dois longos meses!!

Ontem, pela primeira vez, sem que fosse algo pensado, andei sozinha de metrô. Não que seja algo difícil, que eu precise da ajuda do Pedro, mas foi uma sensação engraçada estar sem ele. A viagem daqui de casa para o centro dura cerca de 20 minutos e acaba que eu sempre tiro um cochilo no ombro dele (ele anda todo fofo cheio de casacos :) ), e ontem eu estava lá, sozinha. Só uma prévia do que está por vir...

Eu estava sem o Pedro porque ele, nessa mesma hora, estava no Ontario Service Centre, no centro da cidade, providenciando a carteira de motorista dele. Ele passou na prova e já garantiu sua G1. Aqui, são três classificações para a carteira de motoristas. A primeira é a G1, para adolescentes a partir de 16 anos e qualquer outro tipo de iniciantes, como os imigrantes. Com ela, o motorista só pode dirigir em vias secundárias e na companhia de alguém que seja habilitado com a full license, ou seja, com alguém com experiência. Como somos imigrantes e comprovamos nossa experiência por meio de um documento emitido pelo Consulado Brasileiro daqui de Toronto, não precisamos esperar os anos que os adolescentes precisam, e assim que somos aprovados na G1, podemos aplicar o teste para G2 ou para a G, que é a full. Podemos tentar direto a G, que todos dizem que é uma prova bastante difícil, sendo que nessas duas categorias agora, teremos também provas práticas e as regras por aqui são um tanto diferentes. Se aplicar direto para a G e passar, muito bem! Mas se reprovar, será obrigado a repetir a prova, só que agora só pode fazer para G2.

O problema de passar pela G2 é que todo carro aqui tem que ter um seguro bastante caro para poder rodar. As seguradoras quando pegam a carteira do motorista que quer fazer o seguro e vêem que é G2 já sabem que é adolescente ou imigrante recém chegado, o que encarece muito o seguro. Sendo carteira G, ele nem faz essa pesquisa e a diferença pode chegar a mais de 100 dólares mensais... nós não temos pressa para dirigir porque não pretendemos comprar carro tão cedo, mas decidimos tentar direto a G... vamos ver... não será por agora, mas uma hora teremos que fazer.

Hoje fiquei sabendo de uma outra boa dica:  tem um cursinho de duas semanas que vc pode fazer numa auto-escola que reduz o valor do seguro em 45%. Já ajuda  bastante, né?

Well... e por que eu estava sozinha no metrô? Eu estava indo para North York encontrar uma brasileira que conheci pelo grupo de discussão do TN e que também é arquiteta e também recém chegada aqui (veio em maio passado). Ela se chama Leandra e é de Londrina, sendo que a família do pai dela é de São Gonçalo, portanto, não faltou assunto. Em duas horas de conversa ela, simplesmente, me respondeu TODAS as dúvidas que eu tinha sobre os mais diversos assuntos, principalmente os relacionados à profissão de arquiteto aqui e sobre o processo de reconhecimento do diploma. Ela foi praticamente um anjo que caiu de paraquedas na minha vida!! Ela já levou tudo anotadinho para mim, com os mínimos detalhes, até o nome das pessoas que eu deveria fazer contato nas instituições!! Leandra Porto, maravilhosa!!

Tive todas as resposta mas não gostei exatamente delas... a profissão de arquiteto aqui é um processo contínuo e quase assustador. Isso para todos, inclusive os formados aqui.  O diploma dos brasileiros é normalmente reconhecido e vale tanto quanto de um graduated daqui que passou por duas etapas: bachelor and master. Ninguém conseguiu dizer exatamente para a Leandra o que isso significa, mas o fato é que existem essas duas fases para a graduação aqui. Quando vc recebe o diploma de graduação vc ainda não é um arquiteto, vc é um estudante de arquitetura graduado... Aí vc deve fazer um tanto de testes e, se aprovado, passa a ser um internal architect, como se fosse um estágio probatório, então vc deve ter 5600 horas de experiência (o que dá em torno de 3 anos) para passar por uma nova fase de exames e, se aprovado, será um Architect, ou seja, um semi-deus, praticamente.

Os arquitetos aqui são como eles costumam chamar starchitects, são mais importantes que engenheiros!! Deve valer a maratona para chegar até lá! :) Depois disso, ele será reconhecido como tal em qualquer lugar do mundo.  Nem posso me apresentar como arquiteta! Terei que dizer brazilian architect, ou posso ser processada!! É praticamente uma máfia!!

A boa notícia é que dá para trabalhar a qualquer tempo durante todo esse processo, até porque pouquíssimos resolvem passar por eles, então é muito comum haver muitos arquitetos em uma empresa, mas só um assinar os projetos "the Architect". É que esqueci de mensionar outra coisa: quando vc se torna um arquitect, vc passa a ter que pagar um seguro cobrado de várias outras profissões, que é bastante salgado. Então é mais interessante para uma empresa ter só um com esse custo e outros que trabalham tanto quanto ele mas que não produzem esse custo adicional.

A também outra alternativa: com o diploma, vc pode fazer alguns cursos em uma instituição autorizada, aqui, no caso, a George Brown University e vc passa a ter o título de Designer, que seria o equivalente a um arquiteto que trabalha com interiores no Brasil. Vc tem uma limitação de área construída e de gabarito, mas trabalha exatamente como qualquer arquiteto no Brasil. Mas aí vc não será um semi-deus, será no máximo um humano super-capacitado,  :) o que, cá entre nós, já não é nada mal :)

... e o Pedro tá voltando... e o tempo tá passando cada vez mais rápido e não consigo digerir tudo o que está acontecendo :) mas está tudo correndo muuuuito bem e a cada dia estamos mais satisfeitos. Imagina quando a temperatura ficar acima de zero!! :)

Grande beijo a todos. Ainda aceitamos encomendas! :)

Gra