Demorou… mas agora vai! (Revista quinzenal)

Demorou… mas agora vai!

Agora é o maridão quem escreve.

Vai ficar um pouco longo… A Gra escrevia jornais diários. Eu vou escrever uma revista quinzenal…

Pois é, já estou aqui a duas semanas. Vou tentar fazer um breve resumo dos principais acontecimentos e de como ia me sentindo neles.

Dai 20/abr – saí do Rio pela hora do almoco. Um frio enorme na barriga. Agora é p valer! Estou saindo do Brasil. Indo p Canada. E só com a passage de ida. Sem emprego, sem amigos, poucos conhecidos… enfim, um salto no “desconhecido”. Rumo a uma vida nova. Um novo recomeço. E eu que escolhi isso. É opção minha! Devo tá ficando louco.

P/ piorar, estou indo sozinho. A Gra ainda fica no Brasil resolvendo os últimos assuntos da UFF.

Mas fui!

O vôo foi tranquilo. Passei umas horas no aeroporto em Caracas – tudo escuro, lojas fechadas, e muita fila p fazer qquer coisa…

Depois de um vôo razoavel. Chego em Toronto mais leve. Acho q a tensão já tinha baixado. Ou eu é q estava muito cansado.

Chego bem mais leve…   minhas malas não aparecem. Devem ter ficado em alguma fila em Caracas.

Mas ok. Vou na AirCanada, preencho uns forms rapinho e vou me embora p/ “ casa”  de ônibus e metro.

Chego na nossa “caverninha”  e parece tudo bem. Minha mulherzinha deixou tudo arrumadinho. É um lugar pequeno.  Mas aconchegante e agradável. Gosto daqui.

21/5 – só durmo e vou no Mercado comprar comida.

22 e 23/5 – vou na Adri e no Peter. Ficamos batendo papo e depois vamos comer Sushi. Eles são um casal muito legal. Estão nos dando uma ajuda sensacional. E além disso, ainda nos divertimos juntos.

Nos intervalos, fico ligando p/ a Air Canada e brigando p/ saber onde anda minha mala…

Não acho a mala, mas pelo atraso ganho CAD$ 300 p/ comprar roupas novas. Nem estava precisando pois afinal tinha deixado muita roupa aqui na caverna. Mas sabe como é o espirito brasileiro né?
Vou num outlet shopping  (Dixie Mall) e tento, mas não consigo comprar $300. Algumas lojas estao lotadas e além disso, as coisas são muito baratas. Calça social a $9. Camisa a $5

24/5 – Páscoa.

O coelhinho da páscoa veio fantasiado de entregador da AirCanada. Um cara todo magricelo, negro,  desengoçado e sorridente. Feliz da vida em me entregar a mala. E eu P@#$%$#@! Mas enfim chegou. Tudo certo!

Parto direto p/ o outro lado de Toronto p encontrar o Luis Felipe e a Helen. Eles me convidaram p um almoço de páscoa na casa de outros brasileiros (Tasia e Andre – do TN) e tambem um casal de iraniamos (colegas deles dos cursos de inglês – LINC)

Foi um domingo de páscoa bem diferente. Como tudo vem sendo por aqui. Mas enfim. Papo muito interessante, diferente. Legal.

Volto p casa feliz.

25/5 – 2aF. Estou pronto p/ trabalhar… ooops. Ainda não tenho trabalho.

Entao vou para KWA Partners. É uma empresa/consultoria de Career management  ou carrer transition. Enfim, eles tem a missão de me ajudar a passar por essa fase de transição e achar uma nova ocupação.

O escritório é chique. Bem no centro de Toronto (25 York st) e no 18o. andar. Vista p todo o centro, todos os edificios, o aeroporto (pequeno – Toronto island) e a CN Tower. Enfim – negócio de primeira.

Confesso que fiquei muito surpreso – positivamente.

 Aos curiosos, a Cosan e quem esta pagando isso (parte do meu pacote de PDV). Não sei quanto custa. Mas não deve ser barato.

Lá tem toda uma estrutura como se fosse um escritório. Wi-fi, workstations com desktop, salas de reunião (se precisar posso usar), cozinha, lounge p relaxar. Tudo free (p/ mim)

E quase ninguem por lá… Acho q não tem muitos desempregados por aqui.

Além disso, tem o serviço de consultoria individual. Minha consultora é a Irene. Uma senhora muito simpática e eficiente.

Ficamos conversando por ~ 1h. Ela me fazendo um monte de perguntas e tentando me ajudar a definir meus interesses e valores. Esse e o 1o. passo p/ encontrar o trabalho certo. Auto-conhecimento. Considero q tenho uma boa visão de mim mesmo. Mas é muito bom discutir isso com um profissional da área. São uns toques muitos bons.

Lá pelas tantas, comento com ela q tenho uma entrevista p/ amanhã com o pessoal da Imperial Oil (é como chama a Esso no Canada). Eu marquei isso via networking (Jose R Braga) ainda do Brasil.

A Irene fica feliz. Abre um grande sorriso. Se levanta e vem me dar os parabéns.

Em seguida fica ainda mais animada: vamos nos preparar para a entrevista.

Ela então começa a me explicar tudo sobre como é o processo da entrevista. Tudo é muito estruturado. Quais são as perguntas. O q nao fazer etc.

Fico pensando: como é q ela acha q sabe como a Esso vai fazer a entrevista…

Mas ela é tão profissional e tão confiante q nem penso em discutir. Na verdade acho muito bom. Tudo muito bom. São dicas excelentes. Ainda mais p mim que não faço uma entrevista de emprego há 13 anos (desde que era estagiário na Esso).

Como verei no dia seguinte, foi muito bom ter levado a sério toda a conversa dela. Ela realmente sabia o q estava fazendo a conversa ajudou muito!

Volto p/ casa feliz. Foi um primeiro dia muito bom na minha nova ocupação: career transition.

26/abr – 3aF - Dia da entrevista na Imperial Oil (Esso Canada).

Achei q ia ficar muito nervoso. Mas q nada. Dormi bem e acordei tranquilo. Botei meu terno (q é obrigatório p/ essas ocasiões por aqui) e parti! Confiante.

A entrevista foi com Warren Magnusson. Ele é gerente de área de Ontario/Sul. Como ele me explicou depois é a área de retalho mais lucrativa da Esso no mundo!

A posição é p/ ser TM (Gerente de Território/Vendas) de CORS (operação própria Esso). Isso é mais ou menos o q eu fiz nos meus primeiros 5 anos na Esso (Londrina, Maringá e Floripa). Vendo assim, pode ser um certo retrocesso na carreira. E é verdade. Mas não considero um passo muito grande p trás.

TM aqui é uma posição muito valorizada. O salário, por exemplo, pode ir até ao mesmo grupo salarial da minha antiga posição na Cosan. Como as duas empresas tem politicas muito parecidas, o topo do GT aqui pode ganhar a mesma coisa q eu ganhava na Cosan.

Além disso, como é de operação própria, O TM é supervisor (chefe) dos gerentes e de todos os funcionários dos postos. Ou seja, tem uns 30 reportes diretos (postos) e uns 300 no total (~ 10 por posto). E não tem nada da parte chata de ficar brigando com revendedor. São todos subordinados do GT. Então é sé trabalhar em equipe p/ fazer o posto/loja vender mais.

Além disso, acho realmente q é a posição ideal p comecar na nova empresa. É a base de tudo.

Vou fazer uma analogia com uma escada.

Ser GT aqui em comparação com minha posição no Brasil é como se eu descesse uns 2 ou 3 degraus (na estrutura organizacional. Mas o trabalho é muito mais legal e ainda da p ganhar mais ou menos a mesma coisa – mantidas as diferencas de custo de vida, cambio etc.). Quem sabe se eu brigar mais, posso conseguir uma posição q desça só 1 ou 2 degraus – quem sabe. Mas aí eu entraria ja no meio do bolo e iria ficar meio perdido – sem conhecer a fundo como é o negocio por aqui. Como a banda toca. Quem faz as coisas acontecerem é o pessoal de vendas. Os outros são suporte.

Ser TM com certeza me daria uma base do negócio aqui sensacional. Tenho certeza q isso iria me ajudar a subir mais rapidamente os futuros degraus na escada.

Enfim – quero muito ser GT por aqui.

A entrevista foi muito boa. Estava bem tranquilo e fui falando com muita naturalidade. O Alexis (chefe do Warren e com quem eu havia conversado em Jan) veio me receber e ficou um tempão explicando que não poderia ficar junto conosco.

Warren é um senhor (50 e muitos) de bem com a vida. Bem falante, ficou contando bastante da rotina do trabalho e misturando com suas histórias pessoais (dos filhos, da esposa, de quando jogava hoquei…). Enfim um papo muito tranquilo.

É muito estruturado.

Ele tinha um formulário (4 páginas) com uma serie de perguntas prontas. Eu ia falando e ele anotando. Realmente o papo com a Irene foi fundamental.

Acho q me saí bem. Tinha em mente vários exemplos e situação para contar como eu já fiz e assim pude demonstrar minhas experiência e minhas qualidades.

Saí de lá confiante. Vamos ver no q vai dar.

P/ dar uma relaxada, voltei ao shoppping p/ terminar de gastar a grana da Air Canada. Agora tá tudo vazio e os preços continuam baixos. Agora chega de compras.

27 a 29/4 – semana agitada.

Fico fazendo um monte de coisas. Acertar a papelada do meu PR Card, indo na KWA, procurando curso de inglês, procurando suporte p/ procurar emprego (agências do governo), preencendo um monte de forms p/ a Imperial, p/ as ongs etc.

Com isso, fico andando de uma lado p/ outro da cidade. Conhecendo, aprendendo, vendo coisas, gente e hábitos estranhos... enfim. Me divertindo!

Dia 29... quase ia me esquecendo. O Canadá parou: The Royal Wedding!

Várias mulheres não foram trabalhar pois passaram a madrugada assistindo todos os detallhes.

Os hotéis tinham pacotes: vc chega à 1 da manhã e assiste num telão, com direito a chá, bolinhos e café da manhã. Os noticiários estavam em polvorosa. Todos os canais mostrando imagens ao vivo. Enfim – foi sem dúvida o assunto mais importante da semana, do mês, do ano...

30/4 – vou na biblioteca dar uma espairecida. Esse é um lugar sensacional. Pego uns filmes, revistas, uso a web. Tudo num ambiente legal.

Na hora do almoço vou fazer aulas de direção com o Akbar. Em breve vou fazer o teste p/ tirar a carteira G (a definitiva, q me autoriza a andar de carro sozinho). Os brasileiros em geral dizem q o teste e dificil. Se não passar, caio na G2 e o seguro do carro fica uns $100/mês mais caro. Então, resolvo q vou fazer aulas p pegar as manhas e passar.

Akbar é um senhor (60 anos) iraniano. Vive aqui há 20 anos e há 19 da aulas de direção. Muito simpático e calminho. Bate palmas quando faço a curva certa. Palmas quando paro no sinal. “ Excelent! Excelent!”. Enfim  - uma figura.

E é mesmo bom ter feito as aulas. Parece incrivel, mas eu não consigo parar no sinal de stop. Não adianta reduzir. Tem q parar. Então chego numa esquina onde devo ser o único carro nas últimas 2 horas. Vejo perfeitamente q não vem carro de lado nenhum. Mas tenho q parar o carro e esperar por 3 segundos. Sempre! Não importa. Essa é a regra. Parece ridículo, mas eu não conseguia fazer isso...

Depois dessa aulas, vamos relaxar!

UFC fight em Toronto. Grande evento na casa do Peter e da Adri.

Além de mim, estão ainda + dois casais de amigos (cubano + brasileira e canadense + brasileira).  Cada um traz suas bebidas e comidinhas (chips e cerveja no meu caso). E vamos p/ frente da TV. E divertido. Ficamos batendo papo, comentando sobre as lutas preliminares e falando sobre o coisa da vida. Enfim... bom p/ relaxar.

Volta p/ casa lá pela meia noite (ônibus). É estranho andar sozinho, por ruas meio escuras e desertas e não ter nenhuma sensação de medo. É muito bom!

2/Maio – dia de eleições.

Acho q entendi como é o sistema... é muito tranquilo. Tirando as placas com os candidatos no jardim de algumas casas, não dá p/ dizer o q estava acontecendo. É a eleição q define o primeiro-ministro.

Tudo muito tranquilo e calmo. Acaba ganhando aquele q já estava no poder (Harper).

Essa semana foi toda de muito trabalho.

Estou indo de manhã na Acces em Scarburough (do outro lado da cidade – 1:15h de metro). Fazendo um curso pago pelo governo p/ auxiliar profissionais de Vendas a marketing a se recolocarem no mercado. Tem gente de toda parte: China, Libano, Coreia, Venezuela, Dubai, Australia, Sri Lanka, India, Paquistao, Singapura, Filipinas, Ira, Japao, Mexico, EUA e ate do Canada.  Gente dos 25 ate os 50 anos. Todos aparentemente bons profissionais.

É muito bom!

Aprendemos sobre as formas do processo aqui. Tem regra p/ tudo. Montar o curriculo, carta de apresentação, auto-conhecimento, profissões, entrevista, networking etc. E tudo tem um porquê. E realmente a prática mostra q funciona mesmo desse jeito.

Estou gostando muito.

Depois do Acces (15h) vou na KWA p/ conversar com minha consultora e trocar mais algumas idéias.

Além disso tbém tenho q fazer as coisas necessárias. Nao adianta só aprender e como ...

Enfim – são dias cheios. Muito produtivos. Estou gostando muito.

No fundo, estou aprendendo muito. Sobre o mercado, as pessoas, os produtos e servicos. Mas principalmente sobre mim mesmo.

Tem gente q/ p/ refletir, melhorar o auto-conhecimento, faz o caminho de santiago ou escala uma montanha. Eu estou adorando fazer cursos, conversar com gente do mundo inteiro ver coisas novas e depois ficar um tempo sozinho no metro – refletindo sobre tudo isso.

Diria q estou fazendo um “sabático” (chique nao?).

6/maio – 6aF.

Começo o dia com um bom papo no telefone (30min) com um cara da Esso q está em Saint John/Moncton. Em resumo, ele tem uma posição desenhada, mas ainda não tem aprovado q poderá contratar alguém. Vai tentar aprovar nessa próxima semana. Se conseguir, a posição é minha.  E é uma posição muito legal.

Bom começo de 6af!

P/ fechar o dia de “ trabalho”, outra boa notícia. Alexis (da vaga de GT na Esso) me liga. Todo cheio de nove horas... em resumo quer saber se eu quero mesmo a posição e se posso esperar até o final do mês. Ele não confirma q a vaga é minha. Mas me diz q ainda tem alguns processos rolando e em breve mantém contato novamente.

Fico animado!Bom final de semana!!!

Depois da rotina de Acces  KWA, vou pegar o carro alugado – um Hiunday Accent (pequeno, automático). No sábado tenho o teste da carteita G.

Finalmente encontro o Gian e a Marli. Ele fazia questão de ir comigo por todo o circuito por onde será a prova. Rodamos tudo umas 3 vezes. É por um bairro residencial  e escola e depois entrar e sair da Rodovia. Tudo certo e tranquilo. Mas p/ mim e impossivel passar a 40k/h em frente a escola.

Imagine a cena: O carro é bom. A pista é excelente (2-3 faixas em cada sentido). Tudo muito sinalizado. Ninguém na rua. Você vem de uma pista onde o limite e 70k/m, vira e tem q ficar a 40k/m na descida. Não dá! O carro anda sozinho.... E se passar acima de 40/km é reprovado no teste. Acho q essa será a grande dificuldade...

Mas me divirto bastanto com a Marli e o Gian.

Sábado (7 maio) -  dia da prova.

Passei!

Acho q o instrutor viu q eu tinha experiência. Fomos direto p/ a rodovia e só. Fácil fácil. Nada de escola, nada de 40k/m. Pelo contrário. O negócio na rodovia é entrar nela a pelo menos 80k/h e depois não baixar de 100k/m. Aí foi fácil!

P/ comemorar, passo no Gian e na Marli e vamos dar umas voltas por ai. Acabamos indo parar em Missisauga, comprando uma dúzia de donuts e indo passear num parque muito legal (Port Credit) na beira do lago.

Depois de devolver o carro, passo na Adri e no Peter. Era p/ ser rapidinho, mas papo vai e vem, resolvemos ir dar uma voltas no Centro.

Ficamos umas 2h caminhando por lugares muito legais (Toronto University campus, ruas Queen, King, University). Por fim, acabamos indo jantar num restaurante indiano. Eu e Peter pedimos um combo com direito a tudo q tem no cardapio. Do jeito q eu gosto. Provei de tudo. Camarão, frango, bife, porco, e mais um monte de coisa que não consegui identifcar o q era. Mas tava muito gostoso.

Domingao (8 de maio). Dia das mães

Muito sol e ~ 18C

Depois de uma rapida faxina, combino de encontrar Gian e Marli no High Park. É um lugar enorme (umas 10 quadras juntas q vão até a beira do lago).

É época da florata das cerejeiras. Dura ~ 1 semana. Todas as árvores ainda estão sem flores e/ou comecando os brotos. E as cerejeiras já cheias de flores (branca e rosa). E um contraste muito legal. Muito bonito. E vai todo mundo p/ rua. Primeira vez q tenho a sensação de ir num lugar q está cheio de gente! Famílias inteiras fazendo pic nic, tirando foto. Todo muito alegre.

Enfim, um cenário muito bonito.

Depois ainda demos (Gian e eu) mais uma volta de bike pelo lake shore.

Chegando em casa, depois de um dia calmo e bonito com aquela sensação... q bom q estou morando num lugar tão legal!

Vou dormir feliz!

 Até a próxima edição. Pedro