Hey there!
Sábado matador de calor. Preferi não saber a temperatura, mas ouvi na rádio que a sensação térmica passou dos 40⁰C. É calor prá carioca nenhum botar defeito!
E indo direto para a sessão “Coisas que vc só vê no Canadá”, hoje o tema é saúde. Antes de mais nada deixa eu já avisar que está tudo bem. O susto foi grande, ou melhor, o cagaço, com perdeu do meu francês. Mas tudo já voltou ao controle e foi só mais um susto. Deixa eu explicar:
Não sei se já comentei aqui como funciona o sistema de saúde no Canadá, então vou começar com uma explicação rápida: tudo é público e pago pelo governo. Não importa se vc tem plano de saúde (como nós temos pela ESSO), vc sempre terá que passar pelo que chamam aqui de “médico de família”, que nada mais é que um médico que trabalha em clínicas ou em consultório próprio e que vc escolhe, normalmente levando em consideração seu local de residência. Esse médico será um clínico geral e apenas se ele achar que vc precisa ver um especialista de qualquer área vc será encaminhado para esse especialista. Não adianta querer marcar direto com especialistas. O plano de saúde é importante no que tange internações e todos os tratamentos em paralelo ao médico, como fisioterapias, terapias, acompanhamento psicológico etc.
O sistema prima pela eqüidade: ninguém é melhor que ninguém, e não é porque vc tem dinheiro que terá um atendimento melhor e mais rápido que qualquer outra pessoa. E nisso os brasileiros penam... é fácil entender se pensarmos que, chutando baixo, 90% dos brasileiros que vêm para cá pertenciam à classe média, média alta no Brasil e, portanto, tinham planos de saúde privados e, mesmo estes não sendo nenhuma garantia de qualidade, sejamos francos, agilizava em muito o atendimento médico. Claro que aqui estou fazendo comparação direta com o atendimento público, por mais que isso pareça uma covardia em se tratando de Brasil. Então o que mais ouvimos por aqui é a brasileirada deitando a lenha no sistema de saúde: “Tive que esperar 2 horas para ser atendido na emergência!” e tudo o mais. Aqui é o momento também de eu dizer que sim, o sistema de saúde aqui também tem muitas falhas, está longe de ser perfeito! Eu mesma senti isso na pele essa semana.
Eu já vinha pensando em encontrar um médico de família prá gente. Tem muita opção, mas muita coisa ruim também. Então parti direto para a pesquisa entre os próprios brasileiros que conheço, para que eles me indicassem o médico deles. Claro que os melhores médicos são mais procurados e esses podem se negar a atender, ou melhor, eles se negam a receber novos clientes, e esse é um processo totalmente subjetivo. Pedi indicação de médico para uma das amigas da Adri que morava aqui na região norte de Toronto. Ela me passou o telefone apesar de achar que a médica ficava longe da minha casa (isso é fator muito importante já que tem médico em todo lugar – prima-se pela walk-clinic, ou seja, atendimento perto o suficiente da sua casa para que vc possa ir andando) e inclusive me falou de uma outra brasileira que tinha médico mais perto (para quem eu também pedi o nome e telefone). Fiquei aguardando essa segunda opção que fica aqui bem pertinho, mas aí, na quinta à noite, o cagaço: encontrei um nódulo no meu seio esquerdo. Desespero total, lóooooooooooooooooogico. E aí a surpresa desagradável: na sexta cedinho liguei para a médica que eu já tinha o número e segundo a secretária havia vaga mas a médica só me aceitaria se a menina que me deu o número ligasse para lá me indicando!! Ou seja, além de eu já ter incomodado a menina pedindo o contato, agora eu teria que pedir para a menina, que tem muito mais o que fazer, que ligasse para a médica para dizer que eu era boa gente e que valia a pena lutar pela minha vida... poupe-me... bem, mas a verdade é que sim, enviei um e-mail para a menina pedindo que ela me indicasse (eu não tinha o telefone dela). Ok, mas enquanto isso o que fazer? Saí ligando para tudo o que lembrava pedindo ajuda. Lembrei que a Marly tinha me dado um número de um centro de apoio a mulheres imigrantes. Liguei e pedi uma consulta médica, a mulher marcou para 22 de setembro! Eu disse do nódulo e ela disse: “Ok, se houver alguma desistência antes eu te ligo”. Hellooooooooooooo!! Tem um nódulo no meu seio!!! Ok. Thank you. O dia inteiro foi buscando alternativas (além de ir na entrevista da Ikea, que vou contar como foi logo em seguida), mas não encontramos nenhum médico. Deixamos recados em secretárias eletrônicas e ponto.
Uma das ligações que fizemos foi para um órgõ do governo que faz encaminhamentos para médicos, mas segundo eles isso deveria ser feito pela internet (milagre, pois nada aqui é feito pela internet). Ao tentar utilizar o sistema, ele pedia o CEP da nossa residência e aí lembramos que nosso cartão ainda estava com o endereço antigo. Resolvemos ir a um shopping aqui na esquina onde vimos um kiosque de atendimento para o caso de troca de endereço, e é aí que vem um dos causos que só vi no Canadá...
Chegamos no kiosque e o Pedro foi ver como funcionava e é realmente muito fácil de usar e ele atualizou o endereço no cartão dele. Em seguida perguntava se tinha mais algum cartão para atualizar com o mesmo endereço. Eu cliquei sim e coloquei meu cartão. Ele (o kiosque, que parece uma máquina de sacar dinheiro no banco) processou a informação, me devolveu o cartão e disse que iniciaria a atualização... passados 10 minutos a tela era a mesma e eu já xingando: “Claro que isso não vai funcionar no país do fax...”, passados mais uns minutos apareceu uma mulher que também queria usar o kiosque que estava travado na mesma tela. Eu expliquei para ela o que estava acontecendo. Ficamos as duas olhando para a máquina e ela encontrou um telefone de contato. Liguei. Atendeu um cara. Eu disse para ele o que estava acontecendo e disse que estava no cruzamento da Yonge e Eglington, pois eu não lembrava o nome do shopping. O telefone ficou mudo. O cara voltou e falou um monte de coisas que não entendi. Apenas entendi ele dizendo 7 minutos. Pois não é que o cara, que estava sei lá onde, reiniciou a máquina? E em exatos 7 minutos pude reiniciar o processo que durou mais 2 minutos... coisas que só vejo no Canadá... Eu e o Pedro ainda ficamos rindo lembrando da propaganda da Coca-cola que alguém de dentro da máquina começa a entregar um monte de outras coisas quando alguém compra uma coca... tadinho do cara, espero que ele não esteja trabalhando lá dentro da maquininha... :)
Bem, passados os minutos de felicidade, voltamos ao dilema: onde encontraremos um médico. Já passava das 6 da tarde e já não tínhamos para quem ligar numa sexta-feira... Deixa eu só fazer um comentário: não gente, não dá para ir para a emergência de um hospital! Aqui, atendimento de emergência é para casos muito específicos. Ou vc chega lá sem respirar, ou vc chega sangrando, ou vc chega parindo, ou sem batimento cardíaco... nessa ordem de preferência de atendimento. Eu até pedi para o Pedro me jogar escada abaixo na Ikea, porque tinha um hospital do lado e aí eu chegaria lá toda quebrada e enquanto eles cuidassem dos ferimentos o Pedro poderia dizer: “Ah! Falando nisso, ela está com um nódulo no seio esquero!” e quem sabe eles fariam os exames que preciso. Mas o Pedro não gostou da idéia...
Ainda no dilema, resolvemos ir encontrar Marly e Gian. Tínhamos que devolver umas coisas e claro que pedi a ajuda dela. Ela me disse que fazia pouco tempo tinha encontrado um bom médico lá perto da casa dela e que tinha atendimento no sábado sem hora marcada. Beleza!!
Hoje, sábado, acordamos cedo e fomos para a clínica. Nesse meio tempo me lembrei que no ano passado, quando fui fazer meus exames de rotina, a ginecologista tinha encontrado um nódulo no meu seio e que eu tinha feito exames e que o resultado foi que era um cisto, nada importante, mas que eu deveria fazer acompanhamento. Só isso já me deixou muuuuito mais tranquila. Chegando na clínica, o médico que procurávamos não estava lá e então pedimos pelo atendimento de qualquer outro. Em cerca de 20 minutos estávamos sendo atendidos por uma médica oriental (Dra. Yoshida) muuuuuito boa. Super atenciosa. Ela me examinou e deu o mesmo prognóstico da médica no Brasil, mas na mesma hora já me encaminhou para uma clínca para fazer um exame como o que eu tinha feito no Brasil e já marcou para eu retornar na quinta com os resultados, só para garantir que não há nenhum problema e que é mesmo um cisto. Uuuuuuuuufaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa! Alívio total! Excelente atendimento totalmente gratuito.
Resumo da ópera: é muito mais simples quando nos submetemos ao processo natural. Era só eu ter ido numa clínica qualquer ao invés de ficar partindo dos conceitos que escuto que os médicos aqui são péssimos e que para ser bom tem que ser com indicação de alguém. Ok, pode ter sido muita sorte, mas a gente tem que pôr a cara a tapa antes de tirar conclusões, né?
Mudando totalmente de assunto, deixa eu contar da Ikea! Sexta passada fui na job fair que fui convidada pelo e-mail que eles me mandaram. Well, eu não sabia nem o que seria uma job fair, mas descobri rapidamente que é o nome que eles dão para atrair pessoas interessadas em trabalho. Quando cheguei, já tinha umas 200 pessoas na fila e acho que só no período da manhã (das 11 às 13) eles devem ter atendido umas 500 pessoas.
Para mim era tudo novidade. O Pedro ficou comigo e era meu coach, ficava treinando as respostas às possíveis perguntas e o vocabulário :) se não fosse um momento tão tenso por si só (além do nódulo, ainda nessa hora sem solução) teria sido bem mais divertido.
O fato é que depois de uma hora e meia esperando eu fui atendida por um cara muito simpático chamado Andrew, o único problema é que ele tinha barba, e eu não consigo fazer leitura labial de alguém que tem barba!! E a leitura labial ainda é uma das minhas principais ferramentas para entender o inglês. Mas tudo bem, pedi para ele repetir algumas coisas e ele foi bem atencioso e falou mais devagar para eu entender. Gente, o Pedro é o cara na arte de fazer currículos!! O Andrew leu meu currículo e com 5 minutos de conversa ele me explicou que eu estava selecionada para uma segunda rodada de entrevistas!! Na hora eu não entendi direito o que isso significava. Achei eu todos passavam para essa segunda fase. Fui para o lugar da entrevista e pelo caminho comecei a entender que nem todos iam para essa fase. Quando cheguei lá, tinha só mais 2 pessoas esperando pelo atendimento.
Fui recebida pelo Tim, o gerente de vendas. Ficamos conversando por quase meia hora. Todas aquelas perguntas chave que eu tinha treinado com o Pedro foram feitas :) eu estava afiada!! Na hora que ele me perguntou qual minha maior deficiência, foi fácil dizer que era o inglês, mas ele achou o máximo eu dizer que estava fazendo aulas para aprimorar.
Sem mais suspenses, a resposta não saiu ainda. Será na próxima sexta. Cruzem os dedos por mim!! O Tim falou que eu seria bem aproveitada no departamento de cozinhas, onde fazem projetos e tratam direto com os clientes. Uhuuuu! Agora é esperar para ver no que dá.
Quero falar para vcs do novo companheiro do Tuco, mas esse post já está muito longo. Conto tudo amanhã.
Bj, bj a todos e boa noite!
Gra
4 comentários:
Gra,
que bom que está tudo certo com vc!! Espero que consigo o emprego na ikea, vai te dar mt vocabulário técnico. e eu quero saber do novo companheiro do Tuco tb!! bjos
Que bom que está tudo bem! E ficaremos aguardando as notícias de sexta feira. Beijo!
Nossa! Sofri junto nessa parada de atendimento médico! Q bom q deu td certo!!
Também desejo boa sorte no Ikea!! Tô torcendo!!!
Bjão!!!!!!!!!!
Oi Gra!
Que bom que deu tudo certo com o atendimento médico. Que susto!!
E nos conte da entrevista. Que legal que você passou pelas peneiras e tá quase lá!!! Certamente vai conseguir.
Beijo grande,
Rafa
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